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Fomos programados para valorizar o que não queremos.
Imagine uma geladeira nova exposta numa loja.
Acontece que ela tem um pequeno risco na pintura.
O valor comercial da mercadoria cai bastante, porque ninguém quer uma geladeira nova com risco na pintura.
Mesmo sendo minúsculo, sem nenhum prejuízo para seu funcionamento, o defeito parece atrair a atenção das pessoas.
Quando saem para comprar um carro usado, geralmente procuram pelos defeitos.
E usam esses defeitos como argumento para pechinchar.
Ou deixam de fazer o negócio por causa dos defeitos.
As pessoas dizem coisas assim:
" você leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la".
Ou então:
"estava tudo indo muito bem até agora, mas isto estragou meu dia..."
O que está acontecendo?
O cérebro está fazendo o trabalho de distorção da percepção.
Aquele risco minúsculo está gigantesco na mente de quem diz que não quer a geladeira por causa do risco.
Um pequeno incidente de poucos segundos no final do dia parece ocupar várias horas do dia.
O mesmo cérebro capaz de inflar o que é indesejável, pode também fazer o oposto.
Por que não?
Pessoas com baixa autoestima se vêem pequenas diante de algumas pessoas.
É uma distorção.
Mas, ao se perceberem pequenas, tornam-se pequenas: sentem-se pequenas e tem atitudes de gente pequena.
É claro que isso vai reforçar a imagem de serem pequenas.
Já que o cérebro faz distorção, que tal usarmos essa capacidade de forma mais interessante?
Aquela pessoa com baixa autoestima poderia fazer a distorção ao contrário: imaginar-se maior do que as pessoas que a intimidam. Poderia transformar essas pessoas em gente muito pequena, minúsculas.
Como seria?
Ou você manda no seu cérebro, ou seu cérebro manda em você, com aquela programação ruim.
Um ótimo final de semana para você.
Mizuji Kajii
